Em abril, com a queda da estação espacial chinesa, Tiangong-1, no Oceano Pacífico, o mundo voltou sua atenção para a questão do lixo espacial. A estação pesava mais de 8 toneladas e estava inoperante desde 2006, sem utilidade alguma. Estudos feitos pela Agência Espacial Europeia (ESA) mostram que o problema é bem mais grave. A quantidade de lixo orbitável aumentou drasticamente nos últimos anos, tornando a órbita terrestre cada vez mais próxima do seu limite de saturação. A faixa da órbita baixa é a que mais concentra lixo humano no espaço (cerca de 40%) e vem se tornando cada vez mais impraticável com o acúmulo de detritos.
Podendo viajar a mais de 28 quilômetros por hora, esses detritos podem ter um impacto devastador independente de seu tamanho. "Se reduzirmos os lançamentos espaciais a zero hoje mesmo, o número de objetos vai continuar aumentando da mesma forma. Isso porque cada colisão espalha um grande número de detritos, que continuam viajando no espaço em grande velocidade, produzindo novas colisões", explicou o diretor do Escritório de Detritos Espaciais da ESA, Holger Krag ao Estado. Segundo o cientista, esse efeito bola de neve tende a inviabilizar cada vez mais o uso da órbita terrestre para atividades espaciais.
Novas tecnologias para a remoção de lixo espacial já estão sendo desenvolvidas e, segundo Krag, a prioridade máxima é a retirada de objetos grandes, que são a maior fonte de novos detritos, e dos objetos mais próximos à Terra. A ESA programa entrar em ação e iniciar as operações de limpeza em 2023, em um futuro o mais próximo possível. Já foram rastreados mais de 23 mil detritos com mais de 10 centímetros e 750 mil fragmentos entre 1 e 10 centímetros na órbita terrestre. Além disso, estima-se que hajam mais de 166 milhões de fragmentos menores, incapazes de serem rastreados e detectados. O problema traz à tona o descaso feito pelas agências espaciais ao longo dos anos, que pouco se preocuparam com o lixo que estavam despejando indevidamente na órbita terrestre. As providências têm de ser tomadas o mais cedo possível. Através da operação, objetos maiores seriam despejados de volta na atmosfera terrestre para que sejam desintegrados.
Felipe Melo, 2 de maio.